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Pesquisas científicas como aliadas para o alcance do Carbono Neutro

 

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As mudanças climáticas deixaram de ser uma temática de ficção científica, tornando-se uma realidade, podendo alcançar um estágio irreversível. Segundo dados apresentados em agosto de 2021, no painel intergovernamental sobre mudanças climáticas da ONU, foi notório o aumento de 1,1 grau de temperatura na metade do século 19, e, mantendo a mesma perspectiva, pode conter um aumento ainda mais significativo de 1,5 grau na próxima década.

Uma das alternativas para mitigar essa problemática ocorre pela implementação de meios sustentáveis, como o carbono neutro. O meio possui a finalidade de balancear e diminuir a quantidade de gases poluentes na atmosfera terrestre (CO2) que, por consequência, intensifica e contribui para o aumento gradativo da temperatura do planeta.

O relatório publicado pela Elsevier intitulado como ‘’Pathways to Net Zero: The impact of clean energy’’, analisa 1,6 milhão de artigos sobre carbono neutro e contribui para os debates sobre financiamento e colaboração em pesquisa, desenvolvimento de tecnologias e definição de políticas públicas.

De modo geral, a China é o país que mais publicou trabalhos científicos acerca do tema carbono neutro entre 2001 e 2020, seguida pelos Estados Unidos, pela Índia, Alemanha e pelo Japão. Toda a pesquisa mundial que toca essa temática cresceu de pouco mais de 1% em 2001, para quase 5%, em 2020.

 

Enquanto o Brasil

O Brasil se manteve na 15ª posição em publicações científicas sobre carbono neutro, apesar de ter aumentado essa produção em 20% (de 2001 a 2010), e em 10% nos dez anos seguintes, o que equivale a 1,7% da pesquisa global sobre o assunto. E a participação mundial do país, no tema de carbono neutro, é pouco abaixo da fatia brasileira (2%) na pesquisa, em geral, em todas as disciplinas.

Assim, Dante Cid, vice-presidente de relações acadêmicas da Elsevier na América Latina, comenta a necessidade do assunto ser pautado e elaborado no país.  ‘’Para gerar melhorias quanto a essa realidade, é necessário selecionar alguns pontos prioritários a serem desenvolvidos. E um deles sendo os movimentos sustentáveis, especialmente o carbono neutro, é algo que está se tornando extremamente urgente para a humanidade.’’, reforça.

O ranking está presente no relatório “Pathways to Net Zero: The Impact of Clean Energy Research”, da Elsevier. O relatório apresenta dados exclusivos que podem contribuir para acelerar os esforços em prol da redução da intensidade das mudanças climáticas. Parte do objetivo do estudo é trazer luz para os debates sobre financiamento e colaboração em pesquisa, além da definição de tecnologias e políticas rumo à emissão neutra de carbono. A Elsevier já mapeou pesquisas realizadas sobre 16 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e também está comprometida, como empresa, a ser carbono neutro até 2024.

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Colaboração internacional

As colaborações internacionais são fundamentadas na análise conjunta de parâmetros entre países, com a finalidade de determinar pontos a serem melhorados cientificamente em países aliados.

O nível de colaboração internacional nas pesquisas científicas tem se ampliado de forma geral ao longo dos anos, e, também, quando o assunto é carbono neutro, saltando de 30% (2001) para 45% (2020). Arábia Saudita, Cingapura, Suíça e França saíram na frente quanto às maiores taxas de estudos sobre o tema, com participação de pesquisadores afiliados de mais de um país.

No Brasil, segundo dados do relatório, pesquisas com participação internacional atingiram 30% em 2020, comparado a 25% em 2001, de toda a pesquisa feita no país sobre carbono neutro.  â€˜â€™Em termos de colaboração internacional, o Brasil apresenta uma média baixa, comparado a outros países como China e Estados Unidos, mas o ponto positivo foi o aumento significativo de colaborações de 2001 a 2020.’’, comenta Dante Cid.

 

Países em desenvolvimento: apenas 1/5 dos autores

Pesquisadores de países em desenvolvimento formam apenas 1/5 dos autores das publicações na área, fazendo com que a pesquisa dessas nações seja menos adotada por outras comunidades. Apesar da melhoria de 3% para 9% entre 2001 e 2020, foi ainda modesta a parcela de colaborações internacionais, com pelo menos um autor destes países.

Segundo o relatório, é urgente a necessidade de expandir a colaboração entre países do Norte e Sul, para garantir que todas as regiões tenham acesso às tecnologias necessárias e desenvolvam, localmente, capacidades de enfrentamento das mudanças climáticas. Só assim poderão progredir em direção à emissão neutra de carbono, com um olhar futuro para a energia limpa.

 

Grandes empresas e suas pegadas de carbono

Uma das constatações negativas mostradas pela análise dos dados é que, apesar de as empresas europeias produzirem grande parte das publicações científicas sobre carbono neutro (com as empresas chinesas começando a ultrapassá-las), a pesquisa corporativa na área está diminuindo.

Poucos dos maiores emissores de poluentes no mundo produzem resultados significativos de pesquisas: entre 2001 e 2020, a contribuição das empresas nesse quesito caiu de 9% para 5%. No entanto, enquanto a produção científica corporativa sobre carbono neutro nos Estados Unidos diminuiu 4%, a da China, no mesmo período, aumentou 21%.

No Brasil, 2% das pesquisas referentes a carbono neutro foram feitas por meios institucionais, um dado inferior, comparado à participação de empresas na temática nos demais países. Mesmo assim, a porcentagem está na média das outras disciplinas apresentadas.

“O esforço em pesquisas sobre emissões de carbono e a consequente utilização das descobertas em políticas públicas, até o ponto em que a sociedade esteja fazendo uma contribuição carbono neutro, são essenciais para garantir o futuro do nosso planeta”, analisa o vice-presidente de relações acadêmicas da Elsevier na América Latina, Dante Cid.

 

Brasil e o desafio para alcançar a energia zero

Não só alguns países, mas também o Brasil, ainda demonstram certa dependência de energias não renováveis, como o petróleo, o que dificulta a mudança na realidade com implementação de meios sustentáveis e objetivação do carbono neutro. 

Quanto ao futuro, para atingir uma redução perceptível de carbono no ambiente, o vice-presidente Dante aponta meios que auxiliariam nessa meta. ‘’Precisa-se, urgentemente, de políticas de incentivo e desenvolvimento de infraestrutura para adaptações de um novo modal de transporte terrestre, retirando o uso de combustível fóssil e adaptando a um meio elétrico.’’, conclui.

Em meio às decorrentes crises ambientais no globo terrestre, as pesquisas cientificas e os relatórios, com dados pontuais, gerados através de estudos, servem de auxílio para a formulação de prática de ações e políticas que utilizem a tecnologia voltada à ciência. Assim, objetivando uma reversão nessa realidade, visando um futuro mais equilibrado ecologicamente.

O relatório está disponível em https://www.elsevier.com/connect/net-zero-report            

 

Texto: Elsevier com colaboração de Myckael Portugal – Ascom Fapespa

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