Economia Verde – Restauração florestal em florestas secundárias com espécies de valor comercial
Atualmente, pesquisas sobre silvicultura e os novos avanços no manejo florestal vêm tornando o uso econômico de florestas tropicais algo mais viável e sustentável. No entanto, apenas isto não tem sido o suficiente para garantir rendimentos igualmente viáveis em futuros ciclos de corte em florestas manejadas, bem como evitar a degradação de florestas tropicais. Em 2015, o Brasil assumiu compromissos nacionais e internacionais de restaurar e florestar pelo menos 12 milhões de hectares de florestas até o ano de 2030, por meio de sua contribuição nacionalmente determinada apresentada na convenção-quadro das Nações Unidas sobre Mudanças no clima.
Contudo, um estudo feito pelo ministério do Meio Ambiente e Wri Brasil, aponta que apenas 39% das florestas degradadas na Amazônia têm alto potencial de regeneração natural. Porém, ambientes fragmentados, intensivamente modificados e vulneráveis à desertificação possuem pouco potencial regenerativo.
Vale ressaltar que o estado do Pará possui um passivo florestal estimado em 3 milhões de hectares, sendo 2,3 milhões em áreas de reserva legal, boa parte abrigada na região nordeste do estado.
Nesse contexto, faz parte o projeto “Clareiras como Motores do Rendimento, Conservação e Recuperação de Florestas Tropicais na Amazônia Oriental”, apoiado pela Fapespa em parceria com a Universidade Federal Rural da Amazônia e Embrapa Amazônia Oriental, que visou estudar e estabelecer estratégias de manejo em clareiras afim de potencializar a regeneração natural de florestas tropicais, a conservação de espécies raras, ameaçadas em extinção, e o uso sustentável de Reserva Legal no nordeste paraense. Coordenado pelo pesquisador Dr. Gustavo Schwartz, o projeto focou especificamente em quatro municipios do estado, como: Vale do Rio Jari, São Domingos do Araguaia, Paragominas e Igarapé-Açu.
Por se tratar de uma pesquisa de longo prazo, atualmente o projeto conclui respostas apenas dos municípios de Paragominas e Igarapé Açu, onde as estapas já estão avançadas.
Paragominas e Igarapé Açu
O município de Igarapé Açu contém diversas áreas legais de manejo florestal em florestas secundárias de terra firma. O local possui um grande acervo de especiarias que abrigam boas condições de solo, preservação de ricos ecossistemas e equilibrio de temperatura. O objetivo do estudo na região foi mostrar ao produtor que estas florestas precisam ser manejdas com fins econômicos, e para isso é nescessário o enriquecimento com espécies de valor comercial que possa ser explorado no futuro próximo e mostrar que é possivel maneja-las com finalidade de conservação.
Para isso, foi feito o mapeamento completo das áreas, identificando as espécies presentes. O primeiro inventário florístico foi realizado em dezembro de 2017 e revelou a presença de 69 espécies, pertencentes a 31 famílias, como: Cafezinho correspondendo a 26,9%, matamatá-preto 9,9% e sapucaia sendo 6,2%. O DAP médio das árvores foi de 7,92 cm e a altura média estimada foi de 6,0 m, sendo encontrados indivíduos arbóreos com até 43,6 cm de DAP e 18,0 m de altura estimada.
Outra ação desenvolvida foi reaproveitando de clareiras, espaços vagos onde árvores foram derrubadas ou morreram naturalmente. No interior dessas clareiras, foram plantadas 204 mudas da espécie pioneira Schizolobium parahyba var. amazonicum (paricá), que estima o prazo de crescimento para corte em 5 anos, e da espécie parcialmente tolerante à sombra Hymenaea courbaril (jatobá), para conservação e manutenção da área.
O mesmo se aplica para a região de Paragominas, o que difere são as condições da vegetação que são florestas naturais em manejo e foram plantadas outras espécies nativas como paricá e árvores ameaçadas de extinção como Pau Amarelo.
Por outro lado, em função da baixa fertilidade e da existência de uma camada ideal de profundidade do solo, foi instalado um experimento de adubação, com estruturação das covas de plantio. Dessa forma, 50% das mudas de cada espécie foram plantadas em covas de 40 a 50 centímetros, com adubação orgânica e química distribuída em camadas constituida por calcário, esterco curtido, terra preta peneirada, superfosfato simples e fertilizante, de modo a formar um miniperfil de solo.
Nos outros 50% das mudas, foram utilizadas covas de 40 centímetros e adubação química com superfosfato simples e cloreto de potássio.
Os estudos mediantes a restauração, conservação e manejo de florestas é um tanto complexo. As mudanças de clima e ambiente vaream constantemente o que difere no tempo da pesquisa. Por conta disso ainda não há um prazo de respostas conclusivas do projeto. Porém, até o momento a equipe já pode perceber que pelas condições dos solos da região serem arenosos e possuir diversas particularidades, a espécie Paricá respondeu positivamente com o ambiente e facilmente se adaptou nas condições impostas, contendo índice de 80% de sobrevivência. Enquanto que a de Jatobá apenas 50% de sobrevivência.
Por tanto, o projeto deverá disponibilizar novas informações consolidadas a longo prazo sobre a temática, podendo servir de base para a tomada de decisões e de auxilio para os produtores.
Segundo o Dr. Luiz Fernandes silva Dionisio, pesquisador e bolsista no projeto, “os resultados preliminares do projeto servem de base para novas politicas públicas mostrando as espécies de valor comercial que melhor se adáptam para restauração em florestas secudárias. Não podemos esperar que a natureza se recupere sozinha, pois isso leva centenas de anos. É necessário que a gente intervenha nessas áreas para fazer com que recuperação da floresta seja muito mais rápida.”, Pontua.