Fapespa incentiva pesquisas sobre Bioeconomia no Pará e na Amazônia
A ‘Rede Pará’ iniciativa, em parceria com a UFPA, Ufopa e Unifesspa, busca impulsionar a bioeconomia como fator de geração de renda, emprego e preservação da biodiversidade
Para construir uma rede de informações sobre bioeconomia, que impulsionará esse segmento no Pará e em toda a região amazônica, a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) idealizou a “Rede Pará sobre Contas Regionais e Bioeconomia”. A Rede visa construir um arcabouço para cooperação entre pesquisadoras/es de instituições, a fim de estimular a bioeconomia do Pará, a partir de metodologias consolidadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A iniciativa da Fapespa tem a parceria da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e Universidade Federal do Pará (UFPA), que será formalizada no próximo dia 27. Pioneira, a “Rede Pará” tem um grande potencial para o aprimoramento de políticas públicas, podendo indicar quais atividades convivem bem com o bioma, fortalecendo-as com incentivos.
Também pode colaborar com o setor privado, destacando a viabilidade econômica de iniciativas não tão conhecidas. O projeto alinha-se, ainda, ao interesse global no combate às emergências climáticas e às agendas construídas a partir da COP 30 (conferência mundial sobre mudanças climáticas), em Belém.
“A formação da ‘Rede Pará’ é um importante avanço dado pela Fapespa em conjunto com essas três universidades, para que tenhamos uma abrangência maior das pesquisas colaborativa, fazendo com que resultados dessas pesquisas tenham alcance por todo o Pará para que a tomada de decisão e o olhar sobre a bioeconomia levem em consideração todas as particularidades regionais de um estado enorme, com um potencial fantástico, mas que tem uma diversidade tão quanto o seu tamanho. Portanto, esse olhar conjunto das universidades, através da Rede, é um passo decisivo para termos dados ainda mais consolidados e capazes de orientar a tomada da decisão pública”, destaca o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.
Parceria – A cooperação entre Fapespa e as Universidades estabelece programas de cooperação técnica em ensino, pesquisa e extensão, em áreas de mútuo interesse, incluindo compartilhamento de dados e informações, desenvolvimento de projetos, estudos, pareceres técnicos, relatórios, boletins e outros materiais (impressos e digitais), de forma integrada e de acordo com a natureza e os objetivos formais das instituições. Prevê, ainda, a realização de eventos em conjunto, visando produzir e dar publicidade às informações e aos conteúdos construídos por meio do Termo, para gestores públicos, empreendedores da região e toda a sociedade.
“A atuação dos pesquisadores da Unifesspa, Ufopa e UFPA, organizada pela Fapespa, representa um passo fundamental para a mensuração detalhada e inovadora da bioeconomia amazônica, consolidando práticas existentes e propondo novas metodologias para ampliar o entendimento do setor. Esta ação contribuirá para a formulação de políticas e estratégias que promovam o desenvolvimento sustentável na região amazônica, assim como para identificar potencialidades econômicas para o setor privado”, explica Atyliana Dias, diretora de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação da Fapespa.
Alternativa – A bioeconomia, que se baseia no uso sustentável da biodiversidade para gerar produtos e serviços, é uma alternativa promissora para o desenvolvimento da Amazônia. A parceria entre Fapespa e UFPA é um passo importante para investimentos em pesquisa e conhecimento que impulsionem o setor.
“Tratamos bieconomia não apenas com a dimensão da economia cujas atividades lidam com produtos e serviços da agropecuária e extração vegetal, dentre outras. Entendemos a bieconomia como a dimensão da economia cujas atividades convivem bem com o bioma, de um modo não lesivo e não competitivo”, defende Gilliad Silva, doutor em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), vice-diretor de Economia e professor do mestrado em Planejamento da Unifesspa, e coordenador do Laboratório de Contas Regionais da Amazônia (Lacam).
Segundo ele, a bioeconomia é a agregação de atividades econômicas, agentes e sujeitos sociais, cujos insumos são oriundos de atividades econômicas/agentes/sujeitos sociais que convivem bem com o bioma, assim como seus produtos/serviços. Não basta ser do chamado setor primário, mas tem que pertencer a uma atividade econômica que não dependa da destruição do bioma para seu funcionamento.
Outra característica é produzir agregações e estimativas desta dimensão da economia a partir de metodologias consolidadas, em nível nacional, via IBGE, e nível global, via ONU. As informações produzidas pelas Universidades e a Fapespa terão a validade de dados públicos.
Pesquisas – O projeto prevê a criação do Laboratório de Contas Regionais e Bioeconomia da Sociobiodiversidade da Amazônia, na UFPA, no qual atuarão equipes de pesquisa compostas por professores, mestrandos e graduandos, na coleta de dados, treinamento e divulgação de resultados, consolidando uma rede de pesquisa.
O projeto terá duração de 36 meses, e utilizará a metodologia das Contas Sociais Ascendentes Alfa (CSA-Alfa) para estimar matrizes de insumo-produto e de Leontief para cadeias selecionadas de produtos da bioeconomia. Para isso, serão realizadas oficinas e cursos de capacitação para na metodologia das Contas Sociais Alfa, garantindo qualidade e rigor científico ao estudo.
Ambas são metodologias que permitem estimar a contribuição de diferentes setores da economia para o Produto Interno Bruto (PIB) e a geração de empregos. As Contas Sociais Ascendentes Alfa identificam um conjunto de setores, não captados na conta do PIB, como extrativismo vegetal, pesca artesanal, agricultura familiar, extrativismo sustentável e produção de bens e serviços a partir da biodiversidade. É uma forma desagregar o estudo e torná-lo específico, a fim de visualizar as relações entre os diferentes setores da economia e suas particularidades. Já a matriz de insumo produto e de Leontief formam um método matemático e estatístico úteis para um rigor científico.
Expansão – O foco inicial será a cadeia produtiva do açaí, nas regiões de Integração Guajará, Guamá e Tocantins, com o objetivo de expandir a pesquisa para outros produtos da bioeconomia. A iniciativa também contribuirá para a formação de recursos humanos qualificados na área, fortalecendo a capacidade de pesquisa e inovação no Estado.
A “Rede” deve mensurar o valor econômico do setor e entender sua dinâmica, seus gargalos e potencialidades. Dessa forma, espera-se que a pesquisa forneça subsídios para a formulação de políticas públicas mais eficazes e direcionadas ao desenvolvimento sustentável da bioeconomia no Pará.
Entre os ganhos também está prevista a identificação e a quantificação dos diversos setores e atividades que compõem a bioeconomia no Pará, revelando sua importância econômica e social. O estudo aprofundará o conhecimento sobre as cadeias produtivas da sociobiodiversidade, desde a produção até o consumo, identificando gargalos e oportunidades de melhoria.