Qualidade do ar é tema de pesquisa científica da Ufopa em parceria com a Fapespa
Iniciativa une governo estadual e a academia, por meio de estudantes e professores com estudos a partir do monitoramento do ar no oeste paraense
Para monitorar a qualidade do ar na Amazônia, jovens da região oeste paraense foram capacitados para desenvolver o projeto de pesquisa “Cuidadores do Ar”. A iniciativa é da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em parceria com a Escola de Ensino Técnico do Pará (EETEPA), em Santarém, e tem financiamento da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa). O objetivo da pesquisa é criar a primeira rede de monitoramento da qualidade do ar e medir os impactos ambientais ao oxigênio na região.
Além de gerar dados para pesquisas acadêmicas e subsidiar políticas ambientais, o projeto fomenta a educação ambiental e o engajamento social. Os participantes recebem treinamentos de valorização de serviços ambientais e empreendedorismo, fortalecendo seu compromisso com o meio ambiente e o incentivo à conscientização das comunidades sobre os desafios climáticos que afetam a região.
Coordenado pela professora Ana Carla Gomes, docente do Curso de Ciências Atmosféricas do Instituto de Engenharia e Geociências (IEG) da Ufopa, a iniciativa busca preencher a lacuna de dados sobre a qualidade do ar na Amazônia. A coleta das informações é realizada por meio dos kits de monitoramento, que são instalados nas residências dos bolsistas e trazem informações detalhadas sobre a atmosfera local, anteriormente associada à imagem de pureza. O projeto iniciou em 2022 e atualmente conta com 47 estudantes entre discentes do ensino médio técnico, graduação e pós-graduação.
“As alterações do uso do solo e o desmatamento vêm impactando significativamente a qualidade de vida no Oeste do Pará, principalmente no que tange a saúde da população, em um cenário de alterações climáticas. Por isso, o monitoramento é essencial para o fomento de políticas de proteção, mitigação e compensação ambiental”, destaca a coordenadora Ana Carla.
A participação da Fapespa neste projeto é mais uma iniciativa que representa o compromisso da Instituição com o incentivo das pesquisas, sobretudo das voltadas ao meio ambiente e a promoção da sustentabilidade, principais temas a serem discutidos com a chegada da COP30 no Pará. A Fundação reconhece a importância de investir no desenvolvimento sustentável e no protagonismo da juventude para enfrentar os desafios globais e locais, especialmente no contexto das mudanças climáticas.
Resultados– Atualmente, a coleta dos dados está suspensa e o projeto se mantém, por meio da análise dos dados coletados, que estão contribuindo na construção de dois trabalhos de conclusão de curso e uma dissertação de mestrado. Os dados coletados no período em que a rede de monitoramento esteve ativa gerou mais de 50 trabalhos científicos, tanto no âmbito da iniciação científica como artigos de revistas.
“Também, constatamos resultados de verticalização na formação dos estudantes, visto que a maioria dos bolsistas do ensino médio que estavam concluindo, já ingressaram no ensino superior, e alunos da graduação, ingressaram no mestrado. Comprovando, assim, como um projeto de pesquisa, alcançou um efeito positivo na formação e transformação de vidas no Oeste do Pará”, explica a docente responsável pela pesquisa.
Em janeiro deste ano, os integrantes do projeto realizaram uma visita técnica ao Museu de Ciência da Amazônia (MuCA), em Belterra. O grupo contou com 40 bolsistas de iniciação cientifica da graduação e do ensino médio, além da coordenadora do projeto, Ana Carla Gomes, do professor João Elbio Sequeira (EETEPA/Santarém) e das professoras Glauce Vitor da Silva (IFI/UFOPA) e Sarah Batalha (EETEPA/Santarém). A visita teve o foco de mostrar aos discentes de que forma os pesquisadores buscam criar medidas de mitigação aos impactos das mudanças climáticas na região, por meio da pesquisa científica, empreendedorismo e incentivo à bioeconomia local.
“O financiamento da Fapespa foi essencial para instalação e manutenção da rede de monitoramento. Houve a necessidade de obtenção dos equipamentos que compunham os kits. A associação entre a tecnologia de baixo custo e metodologia IoT (Internet das Coisas) nos permitiu ter uma boa cobertura no monitoramento, fazendo com que o projeto tivesse coletas na região urbana e periurbana de Santarém”, detalha a coordenadora do projeto.
Sustentabilidade – Fundada em 2007, a Fapespa é a responsável pelo fomento de pesquisa em ciência, tecnologia e inovação no Estado do Pará. Assim, planeja ações de desenvolvimento sustentável, projetos que fazem link entre as ICTs, universidades, instituições de ciência e tecnologia e jovens, principalmente jovens vulneráveis de escolas públicas que sejam das comunidades, preferencialmente ribeirinhos, quilombolas, indígenas, população tradicional, para que eles tenham acesso às pesquisas desenvolvidas nessas universidades e possam compreender de forma essas pesquisas podem ser um diferencial no dia a dia.
A cooperação entre Fapespa e as Universidades estabelece programas de cooperação técnica em ensino, pesquisa e extensão, em áreas de mútuo interesse, incluindo compartilhamento de dados e informações, desenvolvimento de projetos, estudos, pareceres técnicos, relatórios, boletins e outros materiais impressos e digitais, de forma integrada e de acordo com a natureza e os objetivos formais das instituições.
Atualmente, a Fundação desenvolve ações sustentáveis que condizem com a agenda ambiental, promovendo atividades aos seus servidores que conscientizam sobre a importância da sustentabilidade, por meio de eventos que possam estimular a refletir sobre o atual cenário climático, além de realizar constantes discussões sobre futuros projetos inovadores que possam trazer resultados positivos alinhados à sustentabilidade e a gestão sustentável.
“A preservação e conservação da floresta amazônica depende de ciência, tecnologia e de pessoas capacitadas e conscientes sobre essa necessidade. Esse projeto traz todos esses elementos e aposta nos jovens para transformar essa realidade na direção que a Amazônia precisa e o governo do Pará através da Fapespa tem a felicidade de fomentar esse projeto”, avalia ao presidente da Fapespa, Marcel Botelho.
Texto da estagiária, Alice Mendonça, supervisionado por Manuela Oliveira