Produto Interno Bruto do Pará é o maior da Região Norte, aponta estudo da Fapespa
De 2002 a 2022, os setores econômicos do Pará mantiveram ganhos de participação na economia nacional, com destaque à Agropecuária e Serviços
O Pará contribuiu com 41,1% do PIB, na Região Norte, mantendo-se na 1ª colocação. Em 2022, as atividades econômicas com maiores taxas de crescimento em volume foram: artes, cultura, esporte e recreação e outros serviços (26,1%); alojamento e alimentação (21,9%); serviços domésticos (17,3%) e produção e distribuição de energia e água (11,4%). Destacam-se também as atividades que registraram quedas em volume de produção: indústria extrativa (-10,9%); serviços de informação (-3,5%); e indústria de transformação (-1,9%).
Os dados foram apresentados pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), em colaboração com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esta semana, na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa). Trata-se dos resultados das Contas Regionais do Brasil para o ano de 2022, que contemplam o Produto Interno Bruto (PIB) Estadual e apresenta uma análise detalhada das principais variações em relação ao ano de 2021.
Entre os setores produtivos, destaca-se o setor de serviços, excluindo o valor da administração pública, que apresentou o maior ganho de participação relativa na composição da economia do estado em 2022, passando a contribuir com 34,3%, um aumento de 7,3 pontos percentuais em relação ao ano anterior (27%). O setor da administração pública teve uma participação de 22,6%, um ganho de 6% em relação a 2021. A agropecuária contribuiu com 11,4%, com um ganho de 1,3%. E, a atividade industrial teve uma participação de 31,8%, apresentando uma redução significativa de 14,6 pontos percentuais em relação a 2021.
Comércio, manutenção e reparação de veículos (10,6% em 2022) e atividades imobiliárias (7,1% em 2022) mantiveram, respectivamente, a terceira e quarta posições entre as atividades com maior participação na economia regional em termos de Valor Adicionado.
A agropecuária manteve a terceira posição de 2021, com uma participação de 11,4% em 2022, ou seja, 1,3 ponto percentual acima do ano anterior. No entanto, esse aumento na participação não refletiu um crescimento no VA da atividade. Pelo contrário, o VA da agropecuária caiu de R$ 24,29 bilhões para R$ 24,05 bilhões em 2022, uma redução de R$ 245 milhões no comparativo anual.
A indústria extrativa, por outro lado, destacou-se negativamente como a atividade com maior redução no VA. Embora ainda ocupasse a segunda posição entre as atividades econômicas do Pará em Valor Adicionado, registrou uma queda de R$ 46,5 bilhões, reduzindo sua participação de 34,1% em 2021 para 16,7% em 2022. Essa queda deve-se, em parte, à variação no volume de produção da extração mineral, que registrou um encolhimento de 9,9% em 2022, com destaque para a redução na produção de minério de ferro (-9,2%), além da queda em volume de outros minerais, afetados por níveis elevados de chuva e por licenciamentos e processos de manutenção mais prolongados que o previsto.
“Tivemos um impacto da queda global das commodities mineral, nosso principal comprador a China diminuiu a sua compra e com isso houve uma queda no PIB, porém tivemos uma estabilidade porque outros setores passaram a compensar setores de serviços de administração pública ou agronegócio”, explicou o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.
Agropecuária – O Setor Agropecuário composto pela Agricultura, Pecuária e a Produção florestal, pesca e aquicultura, em 2022 teve bom desempenho influenciado, em grande medida, pela atividade agrícola, que apresentou expansões de produção e de valor, em seus principais produtos. Entre esses produtos destacam-se: açaí, soja, milho e dendê, que expressaram aumentos de quantidade produzida (14,9%, 11,4%, 12,0% e 2,0%, respectivamente) e elevação significativa dos preços praticados pelo produtor.
Na pecuária, a criação e bovinos, expandiu seu rebanho em 3,6%, alcançando a marca de 24.791 mil cabeças de bovinos (2º maior rebanho nacional).
“É importante que todo mundo calcule o PIB do mesmo jeito usando as mesmas metodologias e seguindo as regras internacionais para que as estatísticas possam ser comparadas com as estatísticas de outros países, então esse seria o primeiro papel do IBGE e a parceria com a Fapespa é indispensável para que esses dados representem a realidade”, destacou durante a apresentação o representante do IBGE, Superintendência no Pará, Marco Aurélio Lobo.
A Construção Civil, dentro do setor industrial, contribuiu com 13,1% (R$ 8,78 bilhões) na geração do Valor Adicionado, apresentando uma variação nominal de 2% em relação a 2021 (R$ 8,61 bilhões) e registrando um crescimento real de 7,3% em 2022.
“O conhecimento que a Fapespa tem da realidade do Pará através de outros estudos permite que ela avalie criticamente os dados que são coletados do IBGE para prevenir discrepâncias que não representam a realidade. Com isso, nós temos certeza de que os números são reais e que refletem o momento econômico do Pará, são dados que influenciam nas tomadas de decisões governamentais e empresariais. Assim, a divulgação do PIB do Pará fornece informações essenciais para decisões econômicas, políticas e sociais, sendo fundamental para promover o crescimento sustentável e melhorar a vida da população. Daí a importância dos estudos.”, avalia Atyliana Dias, diretora de Estatística e de Tecnologia e Gestão da Informação (DETGI) da Fapespa.
Serviços – O setor de Serviços, que já possuía grande relevância em 2021, retomou em 2022 a liderança no Valor Adicionado da economia paraense, sendo responsável por 56,8% do total, o equivalente a R$ 119,79 bilhões – uma variação nominal de 14,7% em relação a 2021. Das 11 atividades desse setor, 10 apresentaram variação nominal positiva em 2022, mantendo o bom desempenho observado em 2021. As três principais atividades do setor permaneceram inalteradas, com uma leve variação negativa na concentração: em 2021, essas atividades concentravam 72,2% do Valor Adicionado, reduzindo para 70,9% em 2022. Essas atividades são: Administração pública (39,7%), Comércio, manutenção e reparação de veículos (18,6%) e Atividades Imobiliárias (12,6%).
Os destaques são: Artes, cultura, esporte e recreação e outros serviços (26,1%); Alojamento e Alimentação (21,9%); e Serviços domésticos (17,3%). Todas tiveram um impacto em pontos percentuais positivo ao desempenho positivo do setor.
“Toda ação tem uma reação, então as medidas que o Estado toma são monitoradas e o PIB é um dos indicadores que faz esse monitoramento. Um dado importante deste ano é a queda do setor mineral, mostrando que é um setor importante, pois temos uma das maiores jazidas de minerais do planeta, mas que, ao depender de uma única matriz econômica seria uma monocultura. Daí a importância dos investimentos em outras áreas, como a bioeconomia. E desde 2019 o governador Helder vem mostrando que é preciso valorizar a floresta não só do ponto de vista ecológico, mas também do ponto de vista monetário. É preciso monetizar a floresta viva para que ela possa valer mais que a floresta morta. Então com isso, é claro que a tomada de decisão se dá, a partir desses números e nós estamos no caminho certo da valorização da bioeconomia”, explicou Marcel Botelho, Diretor-Presidente da Fapespa.
Confira o estudo completo no link, acesse aqui.